quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O que é Meditação? Jiddu Krishnamurti. Alguns Comentários.


Olá pessoal,

Não vamos muito comentar os vídeos e posições que colocaremos aqui. Em regra, não iremos emitir nossas opiniões pessoais até para não formarmos condicionamentos e pré concepções no leitor, mas faremos agora uma exceção.

Sempre após assistir às palestras do Krishnamurti, resta-nos um silêncio no qual mergulhamos para deglutir suas colocações, admitimos que muito do que ali fora abordado ainda escapa ao nosso entendimento. E o próprio Krishnamurti compreende nossas limitações, o que ele nos diz trata-se de sua vida, ou seja, todos aqueles questionamentos que ele nos incute faz parte de sua jornada, de seu crescimento, trata-se de um caminho que ele vem trilhando ao longo de sua vida.

Cabe sempre lembrar que não estamos aqui defendendo tal ou qual colocação como absoluta, nem estamos apresentando a figura do orador como a de um ser que professa uma verdade universal, pois ele próprio não se considera como um mestre, um guru, um tutor a ser seguido. O que ele faz é nos inserir em uma série de questionamentos e reflexões que devemos fazer a nós mesmos, nos coloca a importância de verter um olhar para dentro de nós; propõe uma viajem em nosso interior a fim de nos conhecermos realmente, nos observarmos e perceber que determinadas atitudes nem sempre partem tão somente de nós, mas de condicionamentos exteriores que se fixam em nossos seres como se fossem o que somos.

Ele nos chama a trilhar o caminho do autoconhecimento feito através da observação e da disciplina (neste caso o termo disciplina se difere bastante daquele a que estamos acostumados, não se trata de um enquadramento a determinados modelos e regras e sim de uma profunda atenção em si mesmo). Nos convida a liberdade, ao desapego a figura de um líder, de um mestre, de um modelo a seguir, de uma religião a nos doutrinar, de uma verdade a impor aos outros e a si mesmo, trata-se de um caminho livre de preconceitos, de servidão a um regime, a uma ideologia, a uma doutrina.

Ele nos chama para viajar sem bagagens, sem amarras, a estender nossas visões para algo além deste mundo de ilusões, repleto de dramas diversos, de barreiras e linhas imaginárias que servem apenas para nos separar, nos dividir, nos encher de sofrimentos, de misérias, violência, intolerância e imposições, para mergulharmos num universo de plena liberdade, uma liberdade que ainda não conhecemos, pois nossa noção de liberdade é ainda muito estreita e limitada.

Não somos somente seres humanos, somos espíritos imortais, mas nos mantemos infelizmente presos a milhares de condicionamentos que nos embotam a visão para além desta realidade ilusória, para além deste sonho falido e dolorido. Estamos presos à roda do carma e nela vamos girando infinitamente, repetindo e repetindo nossas histórias, cometendo os mesmos erros, desencadeando os mesmos destinos desoladores e miseráveis.

Acima de tudo ele nos incentiva a praticarmos algo a muito esquecido por nós, o PENSAMENTO. Em nosso dia a dia quase não pensamos; todo caos que se passa em nossa cabeça são fragmentos do que nos é empurrado goela abaixo pela mídia (jornais, televisão, noticiários, filmes, novelas, etc.), pelos governantes, por aqueles que se consideram autoridades em variados assuntos, sobrando-nos quase nada de pensamentos formulados por nós mesmos, sem a influência, por vezes, nociva dos elementos externos, das idéias prontas que compramos, das colocações as quais aderimos. Isso nos leva a refletir sobre o que de nossas decisões, de nosso destino, de nossas vidas, de nossos sentimentos e pensamentos são realmente nossos, pois tudo parece-nos confuso e embotado em meio à tanta informação, a tanto lixo jogado em nosso subconsciente, influindo diretamente no que somos.

Cabe-nos questionar, será que somos mesmo apenas humanos? Somos mesmo por natureza violentos, agressivos, competitivos, egoístas, medrosos, orgulhosos, dentre tantas outras coisas? Ou será que somos desde o nosso nascimento condicionados a sermos assim e levados a acreditar que somente essa realidade é possível? Apenas este sistema no qual vivemos é possível, ou será que temos outras possibilidades e só não paramos para pensar nelas? Será que não estamos acomodados demais a esse sistema falido? Podemos mudar e nos transformar completamente em seres mais esclarecidos sobre si mesmos e menos egoístas e alienados?

Todas estas perguntas e várias outras nos surgem diante do que esta sendo proposto nesta palestra, o orador nos convida a fazer um trabalho duro, buscando maior compreensão, nos faz buscar respostas em nós mesmos e não lá fora como estamos tão acostumados e acomodados a fazer, nos alerta que este caminho deve ser trilhado por nós e não será ninguém que indicará o melhor meio de o fazer ou o melhor seguimento a se tomar a não ser você mesmo, nos convida a sermos honestos conosco e admitirmos que não somos ainda sequer uma civilização, do modo como vivemos estamos a nível animal e muita das vezes abaixo do nível animal, pois que animal na natureza destrói sua própria morada (o planeta terra)? Para mudar é preciso abrir mão desta visão limitada das coisas, é preciso promover uma verdadeira revolução na consciência.

Sobre a meditação, nos cabe uma pequena consideração: entender que não sabemos o que ela realmente significa. Podem-se ler inúmeros livros dos mais variados autores e não encontraremos a verdade. Devemos sempre ter em mente que estamos fragmentados e limitados. Mais do que isso. Ainda estamos preocupados com a mobília – como fala Krishnamurti -, com as contas no final do mês e com todas as imposições supérfluas, impostas justamente para o ser humano não ter tempo para se desenvolver como espírito. Então fica a pergunta que ele nos faz: Como essa mente pode compreender o que é meditação? Simples, ela ainda não compreende.

Para nos inspirar terminamos com uma bela colocação de Krishnamuti:

Não aceitar as coisas como elas são, mas entendê-las, mergulhar nelas, examiná-las. Use o seu coração, a sua mente e tudo o que você tem pra descobrir, um jeito diferente de viver. Mas isso depende de você e de mais ninguém. Porque nisso não há professor, nem aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador, você mesmo é o professor, o aluno, o mestre, o guru, o líder, você é tudo! E entender é transformar o que há!

A todos muita PAZ e LUZ.

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